sexta-feira, 2 de maio de 2014

Eleições no Québec

Há mais de um mês, estou ensaiando para escrever esse post, mas sempre acabava postergando. Porém, como é um assunto importante, resolvi tomar jeito e escrevê-lo de uma vez.
Eu queria falar um pouco aqui sobre as eleições da Província de Québec.
Como ainda não fui ao Québec, sei que não sou a pessoa mais indicada para falar sobre isso, mas ao mesmo tempo, não poderia deixar esse assunto passar em branco.
Como vocês já sabem (porque eu escrevi sobre isso em um post anterior), o Canadá é dividido em províncias e territórios, não em estados.
Para facilitar a explicação, vou utilizar textos que encontrei na internet, para que vocês entendam um pouco melhor.

O primeiro texto é um que explica sobre o sistema político do Canadá:

Sistema Político

O Canadá é uma monarquia constitucional, um Estado federal e uma democracia parlamentar pluralista. A Rainha Elizabeth II do Reino Unido é a Chefe de Estado do Canadá. A Rainha delega seus poderes a seu representante, o Governador-Geral do Canadá.
O Chefe de Governo do Canadá é o Primeiro Ministro que, juntamente com seu gabinete, exerce o Poder Executivo. O Poder Legislativo é representado pelo Parlamento composto pela Câmara dos Comuns (308 deputados representantes dos distritos eleitorais) e pelo Senado (105 senadores nomeados).
As eleições federais são geralmente convocadas a cada quatro anos. Em geral, o partido que ganha o maior número de cadeiras nos distritos eleitorais forma o governo. O líder deste partido torna-se o Primeiro Ministro do Canadá.
O Parlamento é responsável por propor, debater e finalmente aprovar as leis federais. Os parlamentos de cada província seguem o mesmo processo.
A Constituição do Canadá de 1867 estabelece o federalismo como forma de governo e distribui os poderes e as funções entre o governo federal e os governos provinciais. O Canadá tem dois sistemas legais: o direito comum Inglês, que é a base da lei federal em vigor em nove das dez províncias e nos três territórios, e o Código Civil aplicado na província do Québec.

fonte: http://www.canadainternational.gc.ca/brazil-bresil/about_a-propos/overview-apercu.aspx?lang=por, consultada em 02/04/14.


Agora, falando mais especificamente de Québec, em 2012, houve uma eleição histórica na província.
O que acontece, é que existe um movimento separatista dentro de Québec, que visa separar essa província do restante do país.
Puxando um pouco pela história (pretendo falar um pouco mais detalhadamente sobre isso em outro post), o Canadá foi colonizado pela França e pela Inglaterra e acabou divido em uma parte anglófona e outra francofônica. Mesmo com a maioria do país falando inglês e tendo uma cultura bastante diferente, Québec, manteve sua cultura e língua baseadas na origem francesa. É claro que o sotaque, algumas expressões, palavras e alguns comportamentos, não são exatamente iguais como é na França (também assunto para outro post), mas basicamente, essa província seguiu seus passos de acordo com seus colonizadores. E como os canadenses de origem francesa, nunca esqueceram o que houve no passado, eles sempre trazem à tona, a vontade de se separar e se tornar uma nova nação.
Pois bem. Em 2012, quem ganhou as eleições foi o Partido Quebequense (Parti Québécois), e seus principais focos eram a aprovação da Carta de Valores (La Charte des Valeurs Québécoises) e a tão sonhada separação.
(indicação de leitura no Blog "Schultz Family no Canadá" - post 1 e post 2)
Essa carta de valores deu o que falar, pois foi vista por muitos imigrantes e pelo restante do país (anglónofos) como uma medida de puro racismo, xenofobia, e perseguição religiosa. Afinal, estava sendo proibida a utilização de símbolos religiosos muito chamativos, como burca, o shemagh, o keffiyeh, kippah, mas não a utilização de símbolos discretos, como uma pequena cruz, pelos prestadores de serviços públicos (em creches, hospitais, etc.). Tem até um desenho que demonstra o que é e o que não é permitido:



Mas enfim, como essa Carta de Valores precisava de aprovação na Assembléia, mas o Partido Quebequense (PQ) não tinha a maioria das "cadeiras" que compõem essa Assembléia, uma nova eleição foi convocada, pois, pelas pesquisas, o PQ tinha grandes chances de se reeleger e conseguir eleger a maioria dessas "cadeiras".
(Sugestão de leitura dos Blogs da "Mandy e Mais" aqui e da "Schultz Family no Canadá" aqui, da Revista "Aquarela Magazine.com" aqui e do Blog Hupomnemata aqui)
Mas esse cenário mudou, o PQ perdeu as eleições e o Partido Liberal (Parti Libéral du Québec - PLQ) voltou ao poder.
(Sugestão de leitura do Blog da "Schultz Family no Canadá" aqui, e do "Bol Notícias" aqui)
Eu confesso que, apesar de não estar lá, vivendo essa disputa no meu dia-a-dia, fiquei contente com o resultado, pois quero chegar no Québec tendo a liberdade de vestir o que eu quiser, seguindo a religião que eu quiser, ou mesmo nenhuma, e posteriormente me tornar uma cidadã canadense, não somente quebequense. Acredito que o Québec, assim como todo o Canadá, é formado por pessoas, nascidas ou não lá, e precisa dessas pessoas para a manutenção e crescimento do país/província e deve, portanto, respeitar as diferenças desses povos, que dedicaram e continuam dedicando suas vidas em prol de toda a população e do governo. E acredito que o resultado das eleições foi uma resposta aos que acham que são superiores a esses imigrantes que ajudaram a construir o que o Québec é hoje.
Porém, vamos torcer para que o fantasma da corrupção não se aproxime da nossa futura terra (pois essa aqui - Brasil - já está tomada) conforme alguns rumores do passado.
(Sugestão de leitura do "Opinião e Notícia" aqui, e do blog "Americaric2013" aqui)
(Outras sugestões de leitura sobre corrupção no Québec: no "Terra" aqui, no "G1" aqui, e no Blog "jarrivequebec" aqui)
Esse foi um resumão sobre a política no Québec, mas provavelmente, posts mais específicos estarão por vir, conforme as coisas forem acontecendo. Se alguém aí sentiu falta de alguma coisa, gostaria de complementar com algo, ficou em dúvida ou não gostou, sinta-se À vontade para comentar e perguntar.
Abraços

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